Funcionários da Sanoli voltam a fazer greve

Hospital Regional do Gama

A greve dos funcionários da Sanoli volotu ontem, 15/01.  Os funcionários da empresa de alimentação hospitalar que atende hospitais regionais do Distrito Federal  paralisoram novamente  suas atividades devido ao atraso de salário que já dura quatro meses, segundo os trabalhadores. A direção da empresa segue justificando os atrasos por supostamente não receber, desde 2014, R$ 42 milhões da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF).

Enquanto isso, muitos trabalhadores estão depedendo da ajuda de amigos e parentes para pagar contas e sustentar a família. Um dos funcionários nessata situação,  é Wellington Angelo Bispo, de 25 anos, que trabalha na da limpeza do Hospital do Gama (HRG), . “Tenho dois filhos, Khezia, de dois anos, e Thiago, de cinco. Esses dias, eu tive que conseguir, através da minha mãe, um rapaz para trazer uma cesta básica de R$ 280. Então a gente teve que comprar fiado para os meus filhos. Estava faltando lanche até para o café da manhã. E as dívidas só vão aumentando, tenho que pagar a última prestação da minha casa. A vendedora me liga todos os dias perguntando se o dinheiro vai sair”, relata o morador do Pedregal, bairro do Novo Gama.

Wellington informa  que os funcionários com salários atrasados têm sofrido ameaças da Sanoli. “Eles pegam funcionários que já foram pagos de outras unidades e vão substituindo a gente. Saem dois que estão em greve, eles colocam três no lugar. Ou te transferem, ou mandam embora”, diz o funcionário, há três anos no HRG.

A Sanoli alega que além de funcionários nos hospitais públicos, possui outros dentro da própria empresa, no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (Saan), onde fica a cozinha central. “Quando param os serviços aos pacientes, como agora, fazemos uma mudança emergencial. Acionamos funcionários de outros setores para que os pacientes não sejam prejudicados. A transferência de funcionários é apenas para preservar esses casos”, esclarece a empresa.

Conversas diárias
Segundo o advogado do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Refeições Coletivas de Brasília e de Goiás (Sinterc-DF/GO), Carlos Augusto Dittrich, os atrasos ocorrem esporadicamente há dois anos, mas sem pagar integralmente, há quatro meses. “Eu estive conversando com a secretaria e eles disseram que vão ter dinheiro até o dia 17 ou 21 para pagar a fatura de dezembro. Eles têm 30 dias para pagar, o que daria até 2 de fevereiro. A gente não quer que a empresa feche as portas, o que é pior. Sempre tentamos o diálogo”, explica.

Um motorista da empresa, que não quis se identificar, afirma que não recebe o salário há mais de oito dias. “Todo mundo faz greve porque nós estamos sem dinheiro. Como é que trabalhamos? As nossas dívidas todas atrasadas, coisas para serem resolvidas, e não temos uma posição da empresa. Eles alegam que esperam o dinheiro do governo para pagar os funcionários, mas nada se resolve para nós”, critica.

A paralisação de ontem tomou conta do Hospital Regional do Gama (HRG), de Ceilândia (HRC) e do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Cerca de 70% dos funcionários do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) não trabalharam.

“Esgotamento da capacidade financeira”

Em nota enviada à reportagem, a Sanoli diz que “o não recebimento de valores, alguns devidos desde 2014 pela SES-DF, levou ao esgotamento de nossa capacidade financeira, razão pela qual não conseguimos pagar a folha salarial de dezembro dos nossos colaboradores. Viemos alertando a SES, através de reiteradas correspondências, quanto à gravidade do momento, bem como do risco de falta de gêneros alimentícios e de pessoal”, esclarece a empresa.

Por outro lado, a secretaria de Saúde do DF afirma que não há atraso nos pagamentos a Sanoli. “A pasta informa que a nota referente aos serviços prestados em dezembro foi entregue pela empresa há dez dias. De acordo com o contrato, o prazo para a pasta efetuar o pagamento é de 30 dias após a apresentação da nota. Vale ressaltar, ainda, que as refeições foram servidas normalmente na manhã desta quarta-feira (ontem) nos hospitais atendidos pela Sanoli. Sobre as dívidas das gestões anteriores, a Secretaria de Saúde esclarece que permanecem em análise”, diz o órgão.

Demitido em 31 de dezembro, o ex-auxiliar de confeitaria do Hospital Regional do Gama (HRG), Agenilton Francisco, de 29 anos, ficou por três anos e cinco meses na empresa, que não explicou o motivo da dispensa. “Eles me chamaram e disseram que a empresa estava me desligando. Mas tenho certeza que foi devido à greve. Eles falam uma data prevista para o pagamento sair, e nada de cair na nossa conta”, relata.

Agenilton tem tido prejuízos desde que não recebe do antigo trabalho. “Paguei faturas atrasadas de cartão de crédito e de aluguel da minha casa. E fui dispensado na hora de pagar o boleto do último mês. Os atrasos começaram há quatro meses, quando a gente fazia greve direto nos hospitais. A Sanoli argumenta que o motivo é a dívida com o GDF, inclusive uma dívida que tem desde 2014”, diz o ex-funcionário da empresa.

Em dezembro, funcionários fizeram greve em sete hospitais. À época, a Sanoli suspendeu, parcialmente, a alimentação de servidores e acompanhantes de sete hospitais e três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Distrito Federal. A Sanoli ainda forneceu alimentação para os acompanhantes especiais, “até esgotar o atual estoque de matéria-prima e enquanto tenhamos um quadro mínimo indispensável de distribuição das refeições”, informou.