Implantação da Escola da Natureza no Parque Ecológico do Gama foi debatida em audiência pública 

A implantação da Escola da Natureza no Parque Ecológico do Gama foi debatida por participantes da audiência pública da Câmara Legislativa na noite desta quarta-feira (3), evento mediado pelo deputado Eduardo Pedrosa (DEM) e transmitido ao vivo pela TV Câmara Distrital (canal 9.3) e pelo canal da Casa no Youtube.

Em apoio à escola, a subsecretária de Educação Básica da Secretaria de Educação do DF, Solange Foizer, destacou que a pasta desenvolve o currículo em movimento, que prevê temas transversais como o meio ambiente, e citou, como exemplo, a Escola da Natureza no Parque da Cidade. Para ela, essas escolas propiciam aos alunos “uma atitude diferenciada em relação ao meio ambiente”, posição corroborada por David Nogueira, responsável pela Gerência de Educação Ambiental, Patrimonial, Língua Estrangeira e Arte, que administra as escolas da natureza.

Ao ressaltar que a instalação da escola da natureza é “uma luta de longa data”, o professor Dalvani Zimmermann, da Regional de Ensino do Gama, considerou que esta escola oferta um ensino complementar aos estudantes da rede pública, e defendeu sua extensão à comunidade do Gama.

Importância Hídrica

Os aspectos históricos e ambientais do Parque Ecológico do Gama foram resgatados pelo líder comunitário e ambientalista, Juan Ricthelly. Ele lembrou que a planta urbanística do Gama, cidade que acaba de completar sessenta anos, foi desenvolvida pelo arquiteto Paulo Hungria em formato de hexágono, similar a uma colmeia. “Uma cidade planejada para ter muita área verde”, frisou. Segundo ele, o parque ocupa as quadras 3, 4 e 5, com cerca de 59,2 hectares, porque o terreno, na época, era muito alagado e o lençol freático tocava a superfície e, portanto, não havia como construir na área.

Ricthelly disse que, desde a década de 80, o parque enfrenta invasões e tentativas de impermeabilização em contraposição a sua importância hídrica. Por outro lado, ele enfatizou que, ao longo dos anos, houve engajamento da comunidade em defesa da área, que se uniu em conselhos comunitários e entidades ambientalistas. Ricthelly reforçou a importância ambiental do parque, especialmente para a bacia hidrográfica da região.

Educação Ambiental

Ao destacar que o antes Parque Urbano e Vivencial do Gama foi recategorizado como Parque Ecológico do Gama, a representante do Movimento Ambientalista do Gama, Flávia Barbosa, discorreu sobre os projetos de educação ambiental. Professora da Secretaria de Educação e bióloga, ela explanou que os trabalhos são voltados para as três principais unidades de conservação da cidade: Reserva Biológica do Gama, mais conhecida por “Prainha”; Parque Ecológico da Ponte Alta do Gama e o Parque Ecológico do Gama.

“Por se situar em área urbana, praticamente no centro da cidade, o Parque Ecológico do Gama tem uma relação afetiva muito grande com a comunidade”, afirmou a bióloga.De acordo com Barbosa, é preciso implementar as ferramentas de gestão do parque. Nesse contexto, o papel da educação ambiental é “informar e formar as pessoas para o sentimento de pertencimento com relação às unidades de conservação”. Barbosa argumentou com veemência pela efetiva implantação da Escola da Natureza no Gama, uma vez que ela forma alunos e professores na perspectiva da educação ambiental e da sustentabilidade. 

“O que falta para implantarmos a Escola da Natureza no Gama?”, indagou o ambientalista Amarildo Adriano Pereira, ao frisar que essa “batalha” é antiga. Ele sugeriu a adaptação de espaço, na própria administração do parque, para abrigar a escola. Na mesma linha, o presidente do Instituto Regenerativo Tempo de Plantar, Paulo César Araújo, disse que é “muito importante a consolidação desse sonho que se arrasta há muitos anos”.

Ibram

Por sua vez, a representante do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rejane Pieratti reforçou a importância da Escola da Natureza como “espaço diferenciado” para a educação ambiental. Sobre o plano de manejo e conservação, ela lembrou que as Unidades de Conservação (UC) precisam ter no mínimo 30% de suas áreas protegidas e que nenhuma ação pode ser feita em parques ecológicos sem o plano de manejo.

Pieratti acrescentou que, embora a poligonal esteja definida, faltam estudos e consulta pública para a conclusão do plano de manejo do Parque Ecológico do Gama, mas adiantou que está em andamento um processo para a contratação de consultores a fim de executar os planos de manejo de vários parques do DF, sendo que a conclusão desses planos é um desafio da atual gestão. Ela sugeriu a instalação da Escola da Natureza, a princípio, na Reserva Biológica do Gama, onde há plano de manejo concluído.

Como diversos participantes da audiência sugeriram espaços, chácaras e edificações existentes a fim de abrigar a futura escola, o deputado Eduardo Pedrosa anunciou que irá intermediar visitas à área, junto com os participantes, nos próximos quinze dias. Entre outros encaminhamentos, haverá uma reunião com a secretária de Educação e a criação de um grupo de trabalho para acompanhar a instalação da Escola da Natureza no Gama. 

Franci Moraes – Agência CLDF