Morre o ex-governador Joaquim Roriz

Morreu, às 7h50 desta quinta-feira (27), aos 82 anos, o ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Domingos Roriz, após sofrer um choque séptico, decorrente de problema pulmonar. Doente renal crônico e diabético, Roriz estava internado desde 24 de agosto. Governador do DF por três mandatos, ele ficou 14 anos à frente do Palácio do Buriti e foi símbolo de admiração e polêmicas ao longo da trajetória política

“Estamos devastados. É um momento em que só peço orações. Tenho certeza que não é só a família que perde com a morte do meu avô, mas Brasília inteira”, disse Joaquim Neto, na porta do hospital. “Ele merece todo o carinho do mundo, mas está descansando agora”, completou.

O patriarca do clã Roriz estava na Unidade de Terapia Intensiva e chegou a apresentar melhora, quando foi transferido para um quarto no último dia 10.Contudo, voltou a ser internado na UTI dois dias depois, onde permaneceu até o momento de sua morte. Algumas horas antes do óbito, Roriz sofreu uma parada cardíaca e foi submetido à traqueostomia. A cirurgia abriu um pequeno orifício na traqueia, onde uma cânula foi instalada para a passagem de ar. Depois, sofreu mais duas paradas cardiorrespiratórias.

Desde os primeiros rumores da notícia, começou a movimentação de parentes, amigos, políticos e imprensa no hospital. A família deve divulgar, em breve, detalhes sobre o velório e a cerimônia fúnebre de despedida do ex-governador.

Diabético e doente renal crônico, o quadro de saúde do ex-governador se agravou nos últimos anos. Em agosto de 2017, o Metrópoles revelou que Roriz precisou amputar dois dedos do pé esquerdo por causa da diabetes. O político voltou ao hospital 11 dias depois e teve parte da perna direita amputada, na altura do joelho.

Dois anos antes, em novembro de 2015, Roriz ficou quase uma semana internado após um quadro de hipertensão e taquicardia. Na época, precisou ser submetido a cateterismo.

Piora no quadro

Boletim médico no fim de agosto apontou quadro infeccioso. Joaquim Roriz precisou ainda retomar a alimentação por sonda. Diante da piora do quadro, médicos orientaram a ex-primeira-dama Weslian Roriz a evitar visitas na unidade de internação, pedido negado por ela.

Em nota, o governador Rodrigo Rollemberg informou que decretou luto oficial de três dias no DF e afirmou que a morte de Roriz “abala a todos brasilienses que o acolheram e que receberam dele em troca muito trabalho e realizações de toda a ordem”. “À Dona Weslian, suas filhas Liliane, Jaqueline e Wesliane, aos netos e aos milhões de brasilienses que sempre tiveram muito apreço e respeito ao ex governador meus pêsames, minhas orações e as de Marcia, para que consigam superar esse momento difícil”, afirmou.

TRAJETÓRIA POLÍTICA

Um dos principais líderes políticos do DF, Joaquim Roriz governou por 14 anos. Foi em Luziânia (GO), município a cerca de 60km do DF, onde o patriarca da família nasceu e iniciou a carreira política: elegeu-se vereador e deputado estadual pelo MDB. Foi também indicado prefeito interventor de Goiânia e governador biônico do DF pelo então presidente José Sarney (MDB). Antes, ocupou o cargo de ministro da Agricultura e Reforma Agrária nas duas primeiras semanas do governo Fernando Collor.

A medida mais impactante do seu primeiro mandato foi a construção de Samambaia (1989). Na ocasião, adversários acusaram-no de ter criado uma cidade carente dos serviços públicos mais básicos. Mesmo após ter criado outras seis localidades (veja abaixo), o então governador costumava dizer que Samambaia era sua “menina dos olhos”. Hoje, é a quarta maior região administrativa do DF, com mais de 250 mil moradores e comércio desenvolvido. No entanto, enfrenta problemas como violência e infraestrutura precária em alguns setores.

Além de Samambaia, Roriz criou mais seis áreas de expansão urbana: Estrutural (2004), Aguas Claras (2003), Recanto das Emas (1003) Itaporã (2005), Riacho Fundo (1990) e Santa Maria (1993).