De 4 a 8 de setembro de 2024, as ruas e ciclovias de Brasília serão transformadas em um espaço vibrante de intercâmbio cultural e ativismo em prol da mobilidade sustentável. A capital federal, conhecida por sua arquitetura moderna e vastas avenidas, agora se destaca também por ser o ponto de encontro de ciclistas de todo o mundo, graças à realização simultânea do 13° Fórum Mundial da Bicicleta (FMB) e do 11° Bicicultura – Encontro Brasileiro de Ciclomobilidade e da Cultura da Bicicleta. Este marco inédito reflete o crescente reconhecimento da bicicleta não apenas como um meio de transporte, mas como um símbolo de resistência e inovação em face dos desafios ambientais e urbanos.
Com o tema “Salve o Planeta, Pedale”, o evento reúne uma diversidade de participantes, desde cicloviajantes até gestores públicos, todos unidos pelo objetivo de promover a bicicleta como uma alternativa viável e necessária ao automóvel, especialmente no contexto da crise climática. Entre os destaques da programação, que é inteiramente gratuita, estão exposições fotográficas, mostras de filmes, mesas de debates, oficinas, e passeios ciclísticos pela capital. A sede do evento, o Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB), se tornará um ponto de encontro para aqueles que, seja por lazer, esporte ou convicção, veem na bicicleta um meio de transformação pessoal e social.
Uma Capital para Ciclistas
Brasília, com seus 687 km de malha cicloviária, é a segunda cidade com maior infraestrutura para ciclistas no Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo. Essa extensa rede de ciclovias e ciclofaixas não apenas facilita a mobilidade dos ciclistas, mas também evidencia o compromisso da cidade com a promoção de alternativas sustentáveis ao transporte motorizado. A escolha de Brasília como sede do Fórum Mundial da Bicicleta e do Bicicultura não é apenas um reconhecimento dessa infraestrutura, mas também um chamado à reflexão sobre como as cidades podem ser planejadas e adaptadas para um futuro mais verde e inclusivo.
Experiências que Inspiram
O evento promete ser uma vitrine para histórias inspiradoras de cicloviajantes que cruzaram continentes para estar em Brasília. Um exemplo notável é o equatoriano Santiago Yepes, de 37 anos, que pedalou por sete meses desde Quito até a capital brasileira. Durante o evento, Yepes compartilhará suas experiências na estrada e apresentará um trabalho sobre ciclomobilidade, destacando como a bicicleta pode abrir caminhos tanto físicos quanto emocionais. Após o evento, ele pretende explorar Minas Gerais e a costa brasileira, em uma jornada de descoberta e conexão com o Brasil.
Outro relato inspirador vem da colombiana Carmén Rosa Cabra, 43 anos, que fez sua primeira cicloviagem da Colômbia ao Brasil. Para Carmén, a jornada foi uma oportunidade de autoconhecimento e superação, ao mesmo tempo em que proporcionou encontros com diferentes culturas e pessoas ao longo do caminho. Ela espera que o Fórum lhe permita conhecer outros cicloviajantes e aprofundar seu entendimento sobre a cultura da bicicleta.
A mexicana Tania López Sandoval, de 35 anos, destaca a dimensão multicultural do Fórum. Integrante do coletivo Red de Morras Cleteras, Tania vê no evento uma oportunidade de aprender com outras comunidades de ciclistas e de valorizar a bicicleta como ferramenta de transformação social. Após o Fórum, ela pretende cicloviajar pelo Brasil, explorando o país ao lado de suas companheiras.
Um Movimento Global e Local
O Fórum Mundial da Bicicleta, que teve sua primeira edição no Brasil em 2012, em Porto Alegre, retorna ao país pela quarta vez, consolidando-se como um dos principais eventos globais de promoção da ciclismo e da mobilidade ativa. Criado como uma resposta ao trágico incidente em que 11 ciclistas foram atropelados durante um evento da Massa Crítica em Porto Alegre, o FMB é um espaço de resistência e de construção coletiva. Organizado pela Associação Rodas da Paz, com 21 anos de atuação no Distrito Federal, o evento em Brasília é fruto de uma campanha iniciada no FMB 2022, na Colômbia, onde a capital federal foi escolhida como sede para 2024.
O encontro não é apenas uma celebração da bicicleta, mas também uma plataforma para debates importantes sobre políticas públicas, infraestrutura urbana e o papel da bicicleta em um contexto de crise climática. Gestores públicos de diversos países e de cidades brasileiras estarão presentes para compartilhar suas experiências na implementação de iniciativas bem-sucedidas de ciclomobilidade, discutindo como essas práticas podem ser replicadas e ampliadas em diferentes contextos.
Cultura e Arte sobre Duas Rodas
A programação cultural do evento é igualmente rica, com destaque para a Mostra Ciclocine, que ocorrerá no Cine Brasília. A mostra exibirá filmes que exploram a relação das pessoas com a bicicleta, abordando temas que vão desde a mobilidade urbana até histórias de superação e resiliência. Entre os filmes exibidos estão “Lulu vai de bike”, de Edson Fogaça, e “Elo Perdido: O Brasil que pedala”, de Renata Falzoni. O documentário “No rastro das Cargueiras”, de Carol Matias, que narra a trajetória de catadores de material reciclável que utilizam bicicletas como ferramenta de trabalho no Distrito Federal, também será exibido, oferecendo uma perspectiva única sobre o impacto social da bicicleta.
Um Futuro Pedalado
O 13° Fórum Mundial da Bicicleta e o 11° Bicicultura em Brasília representam mais do que um encontro de ciclistas; são um marco na luta por cidades mais humanas, sustentáveis e inclusivas. Ao reunir ciclistas de diversas partes do mundo, o evento não apenas celebra a bicicleta, mas também promove um debate essencial sobre o papel que ela pode desempenhar na construção de um futuro mais verde e justo.
À medida que as discussões se desenrolam e as pedaladas ecoam pelas ciclovias de Brasília, fica claro que a bicicleta é mais do que um simples meio de transporte. Ela é uma ferramenta de transformação, capaz de unir pessoas e cidades em torno de um objetivo comum: salvar o planeta, pedalando juntos rumo a um amanhã melhor.