Catadores transferidos para galpões de reciclagem reclamam de redução na renda. Governo anuncia mudança em modelo de compensação aos trabalhadores.
DO PORTAL G1 – DF
O fechamento oficial do Lixão da Estrutural, em Brasília, completa um mês nesta terça-feira (20/02/2018). Um dia antes, na segunda (19), o governo do Distrito Federal (GDF) informou ao portal G1 que vai mudar o modelo da compensação financeira paga aos 1,2 mil catadores que decidiram trocar a coleta no antigo depósito pelos galpões de reciclagem.
De acordo com o GDF, as quantias de R$ 360 paga aos trabalhadores, como uma forma de “compensar a transição”, assim como o valor cobrado pela tonelada de material coletado (cerca de R$ 300), serão pagos a cada 15 dias aos catadores e às cooperativas, respectivamente. Até então, os valores eram depositados uma vez por mês.
Para a diretora do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Kátia Campos, a mudança neste item do contrato é considerada um “salto muito grande” no processo pós-fechamento do lixão. O objetivo, segundo ela, é “escalonar o pagamento de forma que o trabalhador não fique o mês inteiro sem receber”.
“Como no lixão eles recebiam por dia, por mês é mais difícil para eles. O pagamento pela tonelada será feito de duas vezes, e a bolsa vai ser depositada em um período intercalado.”
Além disso, o GDF disse ainda que está aperfeiçoando o controle do pagamento da bolsa. A previsão é de que a quantia continue sendo paga por até seis meses. “Havia muitas pessoas homônimas e com CPF errado”.
O que mudou para catadores
Para quem conviveu com o lixão por mais de 25 anos, os primeiros 30 dias após a desativação do local representou, principalmente, a queda nos rendimentos da família.
A ex-catadora de materiais recicláveis Selma dos Santos, de 40 anos, tem seis filhos. Ela contou à reportagem que desde janeiro, quando o local foi fechado, passou a buscar por “bicos” já, que segundo ela, “não havia espaço para trabalhar nos galpões”.
Para não ficar sem renda, a moradora da Estrutural disse que trocou o trabalho com recicláveis por outro. Selma agora é manicure e afirma ganhar apenas 40% do que faturava no antigo lixão.
Já o GDF, esclarece que a afirmação não é verdadeira. A diretora do SLU garante que “há espaço nos galpões”. De acordo com o órgão, há cinco espaços destinados à separação de material em todo o DF, e que do total de 1,3 mil catadores cadastrados em cooperativas interessadas em prestar o serviço, 613 já atuam diariamente no local.
Já a catadora Zilma da Silva, de 53 anos, disse em entrevista anterior ao G1, que apesar da renda mensal ter diminuído de R$ 2 mil para cerca de R$ 600, a rotina de trabalho ficou “mais digna”. “A gente trabalha na sombra, não toma sol nem chuva”, conta.
Fonte: G1 DF